15 novembro, 2012

"How do You judge a book?"

 "Go Beyond The Cover" - "Vá além da capa"


  Julgar. Como é fácil olhar para os outros e criticar, franzir o nariz, ficar com o pé atrás em relação a tudo o que esses outros possam fazer e/ou dizer. De facto, olhar para o nosso umbigo, para quem somos, para o que fazemos e para o que parecemos ser é sempre bem mais complicado. Dá trabalho, diria.
  Cada vez mais a exigência, a falta de paciência e a intolerância nos desgastam. As diferenças constroem-nos, mas também nos destroem. Sem dúvida que lidar com pessoas não é tarefa fácil. Talvez seja das tarefas mais complicadas que o ser humano poderia ter. Afinal estamos sempre em contacto com os outros, quer queiramos, quer não. Por mais que nos isolemos, vai surgir sempre um momento em que alguém nos vai surpreender com a sua presença direta ou mesmo indireta. O mundo é assim.
  No meio de todo este circo, onde fica a nossa gentileza? E a tolerância? Sinto que o mundo precisa urgentemente de bom-senso. Precisamos entender que as pessoas e as relações não se fazem acompanhar de livros de instruções, porque felizmente somos todos diferentes. Sim, repito, felizmente. A diferença dá-nos cor, dá-nos Vida, dá-nos personalidade. Tudo isto pode ser tão bom, tão interessante. Precisamos entender que o que para nós é certo, para o outro poder não ser; o que para nós são qualidades, para o outro podem ser defeitos. Parece tão simples, mas na realidade torna-se tão complicado.
  Será por falta de amor próprio? Será por medo de perder a liberdade? Ou apenas medo de Amar e de Viver? Sinto que muitas outras questões se colocariam, mas deixemos de ser tão exigentes. Vamos deixar de culpar os outros, vamos admitir os nossos erros, vamos perder o medo de errar, o medo de procurar, o medo de pensar. Vamos simplesmente Aceitar-nos e Respeitar-nos.

  RN

19 outubro, 2012

«Mais Amor por favor»

Criolo, Não Existe Amor em SP

Estou totalmente viciada nesta música, nesta letra.
Bem que o mundo poderia ser mais simples, mais saudável, mais sincero: melhor. Bastaria sermos todos mais espontâneos, gentis, sinceros e crianças. No entanto, preferimos viver presos numa bola vazia, em que a mentira, a inveja, a crítica, a ganância e os olhares alheios fomentam e atormentam o nosso Viver.
Vamos ser mais genuínos, vamos dar mais Amor, vamos oferecer mais palavras e atos sinceros e doces. Vamos dar mais sorrisos, mais mimos, mais Vida. Vamos aproveitar o tempo, os momentos, a Natureza, as pessoas: a Vida. Sem medos e sem vergonhas.
Vamos relaxar, olhar ao nosso redor, sorrir e vamos oferecer «mais Amor por favor», pois «o Amor é importante. Porra»

RN

28 agosto, 2012

Oh Tempo!

Não é insónia, é apenas a vontade de ficar [a viver] acordada mais tempo.
Oh tempo, que tens sido tão longo e tão curto ao mesmo tempo.
Preciso apenas de mais algum tempo para conseguir pôr em ordem tudo o que tenho deixado por fazer por falta de tempo. 
Tempo, tempo, tempo... Dá-me tempo e ficarei bem.

RN
 

19 junho, 2012

As feras. E a minha liberdade.

Sinto-me perdida neste mundo de feras. 
Oh mundo tremendamente cruel e injusto! Lugar onde viver em sociedade é algo imposto, tornando-se difícil ser diferente, fazer escolhas, pensar, ser espontâneo, genuíno. Tantas são as vezes que tento encontrar formas de escapar a este civismo hipócrita, a este círculo corrupto, onde o dinheiro e as aparências falam mais alto. Mas parece impossível, infelizmente.
Sinto-me presa a uma sociedade que nada me diz, mas que simultaneamente tanto fala. Oh gente que fala demais! Fala de coisas que pouco importam e quando fala do que deve, fá-lo da forma menos assertiva possível. Querem falar, falem; mas deixem-me ser livre do meu jeito. 
A necessidade de fugir daqui é enorme: preciso ver novos horizontes, sentir novas gentes, respirar novos ares, viver novas realidades. A distância cresce a cada dia que passa. Preciso de me encontrar com a minha liberdade, com o meu Ser... mas longe daqui. 
Que terra linda, que gentes agradáveis ao estrangeiro. Visto de fora, é o melhor lugar do mundo. Mas precisamos crescer de perto, porque a razão da nossa existência deve centrar-se no nosso círculo mais próximo. Devemos valorizar-nos mais, entreajudar-nos mais, chorarmos e sorrirmos juntos mais e mais. Mas o estrangeiro é mais simpático, tem mais dinheiro e é mais tudo aos nossos olhos. Que tristeza que sinto!

Estou tão só neste meu Mundo cheio de gente e de gentes. Preciso de ir ao encontro do meu verdadeiro Ser, da minha verdadeira realidade. Mas em silêncio, sem este ruído de quem fala e nada diz.
Deixem-me ao menos tentar, só saberei se sou capaz, tentando. Nem isso esta sociedade medíocre me permite. Viver assim não é certo. Correntes nos prendem de um jeito tão subtil como injusto. Este Mundo é de todos e não apenas de alguns que se acham donos dele.

Hoje estou assim, somente só. Pensativa.

RN
   


«Fiquei tão só, aos poucos. Fui afastando essas gentes assim menores, e não ficaram muitas outras. Às vezes, nos fins de semana principalmente, tiro o fone do gancho e escuto, para ver se não foi cortado. Não foi.»
[Caio Fernando Abreu]

21 maio, 2012

História dos Sentimentos

    Li este texto há poucos dias e achei-o maravilhoso. Devo realçar que todo o livro é apaixonante e viciante: aconselho-o vivamente.
   Sei que muitos de vocês até já o podem conhecer, mas nunca é demais relê-lo. Sabe tão bem: de uma imaginação e reflexão admiráveis, que me fizeram sorrir ao longo de toda a leitura. Confesso que terminei com um grito de surpresa e satisfação. Desfrutem e deleitem-se.

   «A base desta historiazinha, que adaptei, mandou-ma Martha Herzberg, uma terapeuta fantástica e querida amiga. Segundo ela, o autor é anónimo, mas desconfio que foi dela esta deliciosa ideia.
   Os Sentimentos Humanos certo dia reuniram-se para brincar. Depois de o Tédio ter bocejado três vezes porque a Indecisão não chegava a conclusão nenhuma e a Desconfiança estava a tomar conta, a Loucura propôs que brincassem às escondidas. A Curiosidade quis saber todos os detalhes do jogo, e a Intriga começou a cochichar com os outros que certamente alguém ali iria fazer batota.
   O Entusiasmo saltou de contentamento e convenceu a Dúvida e a Apatia, ainda sentadas a um canto, a entrarem no jogo. A Verdade achou que isso de se esconder não tinha graça nenhuma, a Arrogância fez cara de desdém pois a ideia não tinha sido dela, e o Medo preferiu não se arriscar: «Ah, vamos deixar tudo como está», e como sempre perdeu a oportunidade de ser feliz.
   A primeira a esconder-se foi a Preguiça, deixando-se cair no chão atrás de uma pedra, ali mesmo onde estava. O Optimismo escondeu-se no arco-íris, e a Inveja ocultou-se juntamente com a Hipocrisia, que, sorrindo fingidamente atrás de uma árvore, estava a abominar tudo aquilo. 
   A Generosidade quase não se conseguia esconder porque era grande e ainda queria abrigar meio mundo, a Culpa ficou paralisada, pois já estava mais do que escondida em si mesma, a Sensualidade estendeu-se ao sol num lugar bonito e secreto para saborear o que a vida lhe oferecia, porque não era nem parva nem fingida; o Egoísmo achou um lugar perfeito onde não cabia mais ninguém.
   A Mentira disse à Inocência que se ia esconder no fundo do oceano, onde a inocente acabou afogada, a Paixão meteu-se na cratera de um vulcão activo, e o Esquecimento já nem sabia o que estavam a fazer ali.
   Depois de contar até 99 a Loucura começou a procurar. Achou um, achou outro, mas ao remexer num arbusto espesso ouviu um gemido: era o Amor, com os olhos perfurados pelos espinhos.
   A Loucura tomou-o pelo braço e seguiu com ele, espalhando beleza pelo mundo. Desde então o Amor é cego e a Loucura acompanha-o. 
   Juntos fazem a vida valer a pena - mas isso não é coisa para os medrosos nem para os apáticos, que perdem a felicidade no matagal dos preconceitos, onde rosnam os deuses melancólicos da acomodação.»


Pensar é Transgredir, de Lya Luft

19 maio, 2012


Quanto mais leio, mais me apaixono pelos livros.
As frases, as palavras consomem.me.

Ao silêncio me denuncio, em segredo.

RN


19 abril, 2012

Hillsong - Forever Reign


You are good, You are good
When there's nothing good in me
You are love, You are love
On display for all to see
You are light, You are light
When the darkness closes in
You are hope, You are hope
You have covered all my sin.

You are peace, You are peace
When my fear is crippling
You are true, You are true
Even in my wandering
You are joy, You are joy
You're the reason that I sing
You are life, You are life
In You death has lost its sting.


I'm running to Your arms
I'm running to Your arms
The riches of Your love
Will always be enough
Nothing compares
To Your embrace
Light of the world
Forever reign.


You are more, You are more
Than my words will ever say
You are Lord, You are Lord
All creation will proclaim
You are here, You are here
In Your presence I'm made whole
You are God, You are God
Of all else I'm letting go.

I'm running to Your arms
I'm running to Your arms
The riches of Your love
Will always be enough
Nothing compares
To Your embrace
Light of the world
Forever reign.


My heart will sing
No other name
Jesus, Jesus.

12 abril, 2012

05 abril, 2012

"Mil maneiras educadas de mandar alguém à merda..."

Fernanda Mello

Vá.
Fale mal do mundo enquanto eu faço versos.
Investigue a vida alheia. Faça calúnias.
Invente histórias em que você não está.
Vá!
Mas vá logo!
O que te espera de si? Flores, perdão...
Ou um sentimento barato pra se enfeitar?

Vá.
Fale mal de mim enquanto eu faço versos.
Queixe-se da vida. Culpe o outro. Beba algum veneno forte.
Engula uma verdade sem rir. Insulte alguém feliz.
Meu coração tão leve - daqui - te sente:
Tanta falta de amor por si mesmo, porquê?

Como te escreves se nem sabes servir?
Queria te dizer, me desculpa a audácia
Do mundo, a gente pouco leva: O que viu ali.
O que sentiu. O que leu...
O que fez por alguém e por si mesmo.
O que foi, quase por engano.
Da vida, meu amigo, a gente só leva o coração.
E o meu é poesia. Música.
E uma leve descrença no ser humano que eu não posso evitar.

E o seu?(...)

Vá! CUIDE-SE.
Mas cuide DE SUA VIDA.
Sempre é tempo de mudar e se fazer feliz.

Fernanda Mello 

Mariposa livre. E silenciosa.

Está vento. Está a chover. Chegou a Primavera, mas parece que trouxe consigo um pouco do Inverno que não nos visitou nos últimos meses.
O mar está revoltado. E eu entendo-o. Se me pudesse transformar em ondas e marés, estaria como ele: escuro, frio, agitado... Onda atrás de onda, preenchendo os silêncios perdidos com uma rebentação forte e estrondosa.
Os pássaros voam e balançam contra o vento frio e destemido. Que dia friamente lindo!
Os meus cabelos abraçam o vento e, de um jeito rebelde, único e apaixonado, levito. Sinto o meu corpo tão leve e tão fraco comparando com esta maravilhosa Força que me controla. Sinto-me como uma mariposa dançante, que voa, voa, dança e sorri.
Ao som da Natureza, o meu corpo mexe, balança e levita, transportando a luz necessária para que tudo se transforme: o mau desvanece-se, dando lugar ao bem; o feio transforma-se em belo e Tu voltas para completar aquele lugar vazio que deixaste. Sinto um novo perfume: suave e caloroso, capaz de me fazer dançar a um ritmo cada vez mais intenso.
De um jeito perfeitamente harmonioso, danço num remoinho de emoções, sentimentos, cheiros e recordações. Uma enorme nostalgia me invade. Tudo se agita, tudo se transforma. 
Dou por mim exausta, parece-me tudo um delírio com perfume a maresia. Sinto-me livre, leve e mais forte.
Abro os olhos e sorrio. Os meus pés estão assentes nesta rocha coberta de areia húmida e gélida.
Mas, ainda, me sinto uma mariposa livremente silenciosa.


 RN

17 março, 2012

«The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore»



Esta simples, delicada e apaixonante animação foi a vencedora do Óscar 2012 de Melhor Curta-Metragem de Animação.
William Joyce e Brandon Oldenburg mostram-nos de uma forma sensível e divertida como a Vida e a Leitura caminham de mãos dadas. O lado singelo da vida que os livros ganham e transmitem ao longo destes curtos minutos reflete-se na existência daqueles que por eles se deixam contagiar.
Uma fantástica animação sobre a vida que os livros, a escrita e a leitura têm na nossa Vida. Basta Deixarmos.

RN

15 março, 2012

éramos cinco.

José Luís Peixoto, A criança em ruínas

Cai uma lágrima, caiem duas, caiem cinco. Caiem tantas as sentidas e necessárias.
Vida de sentidos incompreensíveis aos olhos de quem te tenta compreender. Diz-me uma palavra que eu entenda. Mostra-me de um jeito simples as razões e os porquês de tão longa caminhada. Toca-me no coração delicadamente. Escreve no céu ou na areia.
Mas rápido.
Estou a entrar no campo da insanidade... Tal é esta a loucura.

RN

11 março, 2012

Enjoy the ride!

Que dia lindo está hoje.
Só me apetece sair e pedalar em busca de nada em concreto. Desfrutar deste Sol magnífico, que tudo ilumina, e da (nossa) Natureza, sempre bela e gentil, que me oferece uma paz de espírito inigualável. 
Obrigada Vida!

RN

04 março, 2012

«A day without a laugh is a wasted day» [Charlie Chaplin]

Música: Smile, de Charlie Chaplin
Artista: Michael Jackson

Tudo acontece por uma razão. E seja ela qual for, só nos resta aceitar, (tentar) compreender, contornar os obstáculos e ver o lado positivo da situação. Sei que na maioria das vezes esse lado positivo está tão bem disfarçado que nos parece tão pequeno e fraco para o segurarmos como justificação e suporte para o mal aparente. Mas a Vida tanto me tem ensinado que a minha cabeça (hoje) mais parece um carrossel em contante movimento, repleta de momentos de pura adrenalina e de medos arrepiantes. Mas ela (a Vida) tem-me dito que é assim, simplesmente.

Por mais que nos esforcemos para controlar tudo ao nosso redor, mil e uma razões existem para percebermos que somos tão pouco e tão fracos, comparando com a força da Vida.

Tantas são as vezes que oiço otimistas armados em vitoriosos a gritar ao Mundo que nesta Vida nada acontece por acaso e que tudo é reflexo daquilo que somos, acreditamos e pensamos. Ora se assim fosse, porque existiria hoje tanta desgraça? Tanta miséria? Será que existe alguém que não queira um bom emprego, uma boa casa, uma boa família e felicidade constante? Verdade seja dita, tantas são as coisas que escapam ao nosso controle, mesmo que o nosso pensamento seja forte, positivo, intenso e tantas vezes desesperante. Por vezes, tendo tudo controlado e estável, algo nos escapa mesmo por entre dedos, sem nada se poder fazer. Esta é a realidade. Talvez a minha realidade seja mais controversa que a tua, mas não acredito que a tua seja tão linear como transparece. Aparências e aparências... Farsas!

Realidades diferentes, mas sonhos semelhantes. O que interessa é Sorrir mesmo que a dor aperte, afinal a Vida vale a pena e há sempre o lado positivo para descobrir e abraçar.
Sorria!

RN



18 fevereiro, 2012

A Folia do Carnaval... e a Amizade.


Vamos festejar o Carnaval? Uns responderiam-me com um estrondoso 'sim' e outros com um apático 'não'.
Que época divergente. Diria que é daquelas coisas que se ama ou se odeia. Quanto a mim, posso dizer que era vivido loucamente. Infelizmente, hoje, já não tanto.
Recordo-me dos tempos em que a folia, as roupas folclóricas, as pinturas, as gargalhadas, os jantares e os bailes uniam um grupo de amigas que festejavam o Carnaval em qualquer altura do ano. Amigas que em tempos foram inseparáveis. Um grupo onde a genuidade, a espontaneidade e a amizade prevaleciam acima de tudo. Anos seguidos percorremos ruas, bailes, bares e dicotecas levadas pela nossa insanidade saudável, que tanto nos fez rir e chorar de rir. Que tempos deliciosos!

Infelizmente a vida tem demasiados desafios e obstáculos que nos fintam e nos levam por caminhos diferentes. Felizmente existe a memória para guardarmos todos os momentos, risos, gargalhadas, choros e cheiros... tanta coisa que passámos!

Ainda hoje me lembro do vosso cheiro, do cheiro daquela sala de aula, onde tanto representámos, aprendemos, partilhámos e vivemos.
Ainda hoje me lembro daquele dia em que fui expulsa de uma aula de filosofia simplesmente por não conseguir parar de rir, apesar de tanto esforço.
Ainda hoje me lembro daquela secretária cheia de riscos e rabiscos por nós assinados.
Ainda hoje me lembro daquelas folhas cheias de dedicatórias e dizeres simples e obtusos por entre apontamentos importantes.
Ainda hoje me lembro daquelas terapias de riso, em que ríamos perdidas nos risos umas das outras.
Ainda hoje me lembro das letras e músicas que inventámos, tocámos e cantámos.
Ainda hoje me lembro das nossas aulas de francês com aquele professor tão inteligente e tão humano.
Ainda hoje me lembro daquela tarde passada em Lagos, daquela fotografia na marina e daqueles ténis azuis que eu tanto gostava.
 Ainda hoje me lembro daquela visita a Sintra, em que tantas foram as aventuras vividas e contadas.
Ainda hoje me lembro... de tudo, diria eu.

Sabendo que a vida nem sempre é bela e que tantas vezes se revela madrastra, em que nem sempre nos permite fazer e estar onde e com quem queremos, só desejo que nunca nos esqueçamos de quem somos e do que fomos. E que a força do pensamento e do coração nos permita fazer um telefonema para marcar 'um cafezinho' ou simplesmente para nos cumprimentarmos e saber se está tudo bem. E que em todos esses 'cafezinhos' sejamos autênticas como sempre o fomos e somos, que a conversa surja espontaneamente como se nos falássemos todos os dias, sem censuras e sem exigências, com compreensão, amizade e saudade.

Um óptimo Carnaval 2012 para todos, foliões ou não, e que o vivam da forma mais Viva possível.
Um Brinde à Amizade!

RN

09 fevereiro, 2012

Duas bocas. Uma história.


«Com um dedo, toco a borda da tua boca, desenhando-a como se saísse da minha mão, como se a tua boca se entreabrisse pela primeira vez, e basta-me fechar os olhos para tudo desfazer e começar de novo, faço nascer outra vez a boca que desejo, a boca que a minha mão define e desenha na tua cara, uma boca escolhida entre todas as bocas, escolhida por mim com soberana liberdade para desenhá-la com a minha mão na tua cara e que, por um acaso que não procuro compreender, coincide exactamente com a tua boca, que sorri por baixo da que a minha mão te desenha. Olhas-me, de perto me olhas, cada vez mais de perto, e então brincamos aos ciclopes, olhando-nos cada vez mais de perto. Os olhos agigantam-se, aproximam-se entre si, sobrepõem-se, e os ciclopes olham-se, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam sem vontade, mordendo-se com os lábios, quase não apoiando a língua nos dentes, brincando nos seus espaços onde um ar pesado vai e vem com um perfume velho e um silêncio. Então as minhas mãos tentam fundir-se no teu cabelo, acariciar lentamente as profundezas do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de uma fragrância obscura. E se nos mordemos a dor é doce, e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo do fôlego, essa morte instantânea é bela. E há apenas uma saliva e apenas um sabor a fruta madura, e eu sinto-te tremer em mim como a lua na água.»
 
Julio Cortázar, O Jogo do Mundo


. . . . . . . . . . . . . . . 
Imagino-te, desenho-te, desejo-te, toco-te... Amo-te! 
Por uma qualquer razão sem explicação aparente existes na minha Vida. Agradeço todos os momentos contigo partilhados: cheios de felicidade ou de tristezas mal-resolvidas; afinal, quem disse que partilhar seria fácil? A felicidade é feita de momentos, em que os Sorrisos, o Companheirismo, a Amizade e o Amor triunfam sobre os desafios menos simples das nossas realidades. Realidades aparentemente semelhantes, mas que na verdade se diferenciam por um abismo de milhas, em que a dedicação é a maior arma de um delicioso conviver
Escrevo uma história em ti e tu escreves uma história em mim. Juntos somos uma História. 

RN 

21 janeiro, 2012

«Tenho dias lindos, mesmo quietinhos»


Sentada numa cadeira entediante, puxando pela imaginação para arranjar o que fazer, eis que entra pela porta adentro um senhor, inglês, com os seus setentas e tal, contagiando todo o escritório com uma energia e um sorriso deliciosos. Sabendo desde logo o motivo da sua visita, pergunto-lhe se está em Portugal há muito tempo. Esta simples pergunta, que fora feita apenas para quebrar o silêncio e ver uma vez mais aquele sorriso cheio de ternura, desencadeou uma conversa de quase hora e meia. 
Confesso que não consegui prestar atenção a todos os detalhes das suas variadas histórias de vida, mas uma coisa é certa: este senhor, cujo nome fiquei sem saber, sentiu-se especial. Eu vi e senti. Vi nos seus olhos, nos seus sorrisos e risadas e no seu entusiasmo. Conseguiu recordar e partilhar momentos da sua vida com alguém que se mostrava minimamente interessada, que ria e sorria com ele das suas aventuras, que fazia perguntas com a curiosidade de saber 'o depois'. A felicidade que senti ao ver a sua generosidade, a partilha e a vontade de ser ouvido foi imensa: a minha manhã teve algo de especial, tanto para mim como para este maravilhoso senhor. Fiz alguém feliz por uns breves momentos de uma forma tão simples. E eu também o fui: Feliz.

Obrigada.

RN

«Tenho dias lindos, mesmo quietinhos»
[Caio Fernando Abreu]

18 janeiro, 2012

«Why every f***ing person is so bad to each other so f***ing often. It doesn't make sense to me»


«You don’t need human relationships to be happy, God has placed it all around us»
But,
«Happiness only real when shared» 
[Christopher McCandless, Into the Wild]

Into The Wild
Este filme fez-me pensar sobre tanta coisa: na minha vida, no Mundo, na Sociedade, mas sobretudo em Mim e na forma como Me vejo e vejo os Outros. As lágrimas e o aperto no peito não tardaram, ficando num estado de nostalgia, silêncio e introspecção tal. O turbilhão de ideias (ex-)concebidas não permitiu, ainda, que escrevesse algo minimamente válido (se é que este é o adjetivo correto) sobre este maravilhoso filme.
Conquistou-me e fez-me/faz-me pensar. Muito. 
RN

14 janeiro, 2012

A Pele que há em mim (Quando o dia entardeceu)

Márcia & JP Simões

Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu
E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
O sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu
Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.
Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu o caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou

Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei, p’ra lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
P’ra voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber…

Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada,
O meu barco vazio na madrugada
Vou-te deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz quando enfim se cala.

13 janeiro, 2012

A Viagem da Vida

 
"Porque no início é tudo tão fácil? Porque é novidade...
   Porque depois se transforma? Porque não fertilizamos e não definimos um caminho... com ou sem  compromisso!
Porque uma pilha sozinha não pode funcionar e precisa de troca de energia; ou pode uma dar tudo à outra? Assim perde toda a energia...
Porque não funcionam então as relações? Porque permitimos aos nossos medos projectarem-se e depois da fase inicial vem o medo...medo do compromisso...medo do outro não ser fiel...medo de tudo acabar...de nos magoar!
A solução é sempre ter vontade de viver. Receber, mas também dar. Partilhar. Falar muito. Passear muito. Ceder, mas também saber não ceder. Mas acima de tudo aceitar o outro na nossa vida e acompanhar.
Porque só é bom se formos bons companheiros de viagem. A viagem da vida.
Obrigado por me ensinares a respirar..."

Manuel Ribeiro

12 janeiro, 2012

As coisas que se ouvem por aí...

Hoje, num pulinho, fui ao Pingo Doce comprar maças. Reflexos da crise ou não, apenas uma caixa estava disponível e vazia. Após ter pago as minhas deliciosas maças, vejo-me obrigada a seguir duas senhoras até à porta de saída. Nestes longos segundos de perseguição percebo que uma das senhoras teria ficado à espera da amiga para ter o prazer de lhe informar que viu o seu filho com "a" namorada.
Pobre rapariga que é tão pouco desejada! «Só não a quero lá em casa, ande por aí com ela, mas lá em casa não! Ainda não a vi, mas já sei que tem um piercing e duas tatuagens», disse muito indignada a mãe do rapaz.
Finalmente chegámos à porta, saí e mais não ouvi, felizmente!
Não querendo fazer juízos de valor, espero que esta senhora tenha razões fundamentadas em factos verdadeiramente negativos para tamanha rejeição, porque "um piercing e duas tatuagens" não me parecem factos merecedores de tanta indignação.
Perplexidades e vontades de estrangular mentalidades à parte, desejo toda a sorte do mundo a esta dita rapariga.

RN

08 janeiro, 2012

Apague e Recomece


Se não deu certo
Apague e recomece
Esqueça o que ficou
Esqueça a culpa
A falta de plano
Esqueça a dúvida
O que foi quase engano

Apague e recomece

É sempre hora de mudar
De virar a página
E se reinventar

(Mesmo que doa, aprender
não é um processo à toa).

Princesa de Rua, de Fernanda Mello

06 janeiro, 2012

Amadora... a Porcalhota!

http://diasquevoam.blogspot.com/2007/03/porcalhota.html
Numa das minhas pesquisas pela internet em busca de nada em concreto, descobri que a atual Amadora, em tempos teve o nome de Porcalhota. Embora não haja documentação que prove a sua exatidão, sabe-se que tal atribuição remonta ao século XIV.
Este (engraçado) topónimo teve origem no apelido de um dos protagonistas da Batalha de Aljubarrota, Vasco Porcalho. 

Tradições e origens à parte, Amadora teria mais encanto se ainda hoje se chamasse Porcalhota.

RN