09 fevereiro, 2012

Duas bocas. Uma história.


«Com um dedo, toco a borda da tua boca, desenhando-a como se saísse da minha mão, como se a tua boca se entreabrisse pela primeira vez, e basta-me fechar os olhos para tudo desfazer e começar de novo, faço nascer outra vez a boca que desejo, a boca que a minha mão define e desenha na tua cara, uma boca escolhida entre todas as bocas, escolhida por mim com soberana liberdade para desenhá-la com a minha mão na tua cara e que, por um acaso que não procuro compreender, coincide exactamente com a tua boca, que sorri por baixo da que a minha mão te desenha. Olhas-me, de perto me olhas, cada vez mais de perto, e então brincamos aos ciclopes, olhando-nos cada vez mais de perto. Os olhos agigantam-se, aproximam-se entre si, sobrepõem-se, e os ciclopes olham-se, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam sem vontade, mordendo-se com os lábios, quase não apoiando a língua nos dentes, brincando nos seus espaços onde um ar pesado vai e vem com um perfume velho e um silêncio. Então as minhas mãos tentam fundir-se no teu cabelo, acariciar lentamente as profundezas do teu cabelo enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de uma fragrância obscura. E se nos mordemos a dor é doce, e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo do fôlego, essa morte instantânea é bela. E há apenas uma saliva e apenas um sabor a fruta madura, e eu sinto-te tremer em mim como a lua na água.»
 
Julio Cortázar, O Jogo do Mundo


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Imagino-te, desenho-te, desejo-te, toco-te... Amo-te! 
Por uma qualquer razão sem explicação aparente existes na minha Vida. Agradeço todos os momentos contigo partilhados: cheios de felicidade ou de tristezas mal-resolvidas; afinal, quem disse que partilhar seria fácil? A felicidade é feita de momentos, em que os Sorrisos, o Companheirismo, a Amizade e o Amor triunfam sobre os desafios menos simples das nossas realidades. Realidades aparentemente semelhantes, mas que na verdade se diferenciam por um abismo de milhas, em que a dedicação é a maior arma de um delicioso conviver
Escrevo uma história em ti e tu escreves uma história em mim. Juntos somos uma História. 

RN 

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