21 janeiro, 2012

«Tenho dias lindos, mesmo quietinhos»


Sentada numa cadeira entediante, puxando pela imaginação para arranjar o que fazer, eis que entra pela porta adentro um senhor, inglês, com os seus setentas e tal, contagiando todo o escritório com uma energia e um sorriso deliciosos. Sabendo desde logo o motivo da sua visita, pergunto-lhe se está em Portugal há muito tempo. Esta simples pergunta, que fora feita apenas para quebrar o silêncio e ver uma vez mais aquele sorriso cheio de ternura, desencadeou uma conversa de quase hora e meia. 
Confesso que não consegui prestar atenção a todos os detalhes das suas variadas histórias de vida, mas uma coisa é certa: este senhor, cujo nome fiquei sem saber, sentiu-se especial. Eu vi e senti. Vi nos seus olhos, nos seus sorrisos e risadas e no seu entusiasmo. Conseguiu recordar e partilhar momentos da sua vida com alguém que se mostrava minimamente interessada, que ria e sorria com ele das suas aventuras, que fazia perguntas com a curiosidade de saber 'o depois'. A felicidade que senti ao ver a sua generosidade, a partilha e a vontade de ser ouvido foi imensa: a minha manhã teve algo de especial, tanto para mim como para este maravilhoso senhor. Fiz alguém feliz por uns breves momentos de uma forma tão simples. E eu também o fui: Feliz.

Obrigada.

RN

«Tenho dias lindos, mesmo quietinhos»
[Caio Fernando Abreu]

18 janeiro, 2012

«Why every f***ing person is so bad to each other so f***ing often. It doesn't make sense to me»


«You don’t need human relationships to be happy, God has placed it all around us»
But,
«Happiness only real when shared» 
[Christopher McCandless, Into the Wild]

Into The Wild
Este filme fez-me pensar sobre tanta coisa: na minha vida, no Mundo, na Sociedade, mas sobretudo em Mim e na forma como Me vejo e vejo os Outros. As lágrimas e o aperto no peito não tardaram, ficando num estado de nostalgia, silêncio e introspecção tal. O turbilhão de ideias (ex-)concebidas não permitiu, ainda, que escrevesse algo minimamente válido (se é que este é o adjetivo correto) sobre este maravilhoso filme.
Conquistou-me e fez-me/faz-me pensar. Muito. 
RN

14 janeiro, 2012

A Pele que há em mim (Quando o dia entardeceu)

Márcia & JP Simões

Quando o dia entardeceu
E o teu corpo tocou
Num recanto do meu
Uma dança acordou
E o sol apareceu
De gigante ficou
Num instante apagou
O sereno do céu
E a calma a aguardar lugar em mim
O desejo a contar segundo o fim.
Foi num ar que te deu
E o teu canto mudou
E o teu corpo do meu
Uma trança arrancou
O sangue arrefeceu
E o meu pé aterrou
Minha voz sussurrou
O meu sonho morreu
Dá-me o mar, o meu rio, minha calçada.
Dá-me o quarto vazio da minha casa
Vou deixar-te no fio da tua fala.
Sobre a pele que há em mim
Tu não sabes nada.
Quando o amor se acabou
E o meu corpo esqueceu o caminho onde andou
Nos recantos do teu
E o luar se apagou
E a noite emudeceu
O frio fundo do céu
Foi descendo e ficou

Mas a mágoa não mora mais em mim
Já passou, desgastei, p’ra lá do fim
É preciso partir
É o preço do amor
P’ra voltar a viver
Já nem sinto o sabor
A suor e pavor
Do teu colo a ferver
Do teu sangue de flor
Já não quero saber…

Dá-me o mar, o meu rio, a minha estrada,
O meu barco vazio na madrugada
Vou-te deixar-te no frio da tua fala
Na vertigem da voz quando enfim se cala.

13 janeiro, 2012

A Viagem da Vida

 
"Porque no início é tudo tão fácil? Porque é novidade...
   Porque depois se transforma? Porque não fertilizamos e não definimos um caminho... com ou sem  compromisso!
Porque uma pilha sozinha não pode funcionar e precisa de troca de energia; ou pode uma dar tudo à outra? Assim perde toda a energia...
Porque não funcionam então as relações? Porque permitimos aos nossos medos projectarem-se e depois da fase inicial vem o medo...medo do compromisso...medo do outro não ser fiel...medo de tudo acabar...de nos magoar!
A solução é sempre ter vontade de viver. Receber, mas também dar. Partilhar. Falar muito. Passear muito. Ceder, mas também saber não ceder. Mas acima de tudo aceitar o outro na nossa vida e acompanhar.
Porque só é bom se formos bons companheiros de viagem. A viagem da vida.
Obrigado por me ensinares a respirar..."

Manuel Ribeiro

12 janeiro, 2012

As coisas que se ouvem por aí...

Hoje, num pulinho, fui ao Pingo Doce comprar maças. Reflexos da crise ou não, apenas uma caixa estava disponível e vazia. Após ter pago as minhas deliciosas maças, vejo-me obrigada a seguir duas senhoras até à porta de saída. Nestes longos segundos de perseguição percebo que uma das senhoras teria ficado à espera da amiga para ter o prazer de lhe informar que viu o seu filho com "a" namorada.
Pobre rapariga que é tão pouco desejada! «Só não a quero lá em casa, ande por aí com ela, mas lá em casa não! Ainda não a vi, mas já sei que tem um piercing e duas tatuagens», disse muito indignada a mãe do rapaz.
Finalmente chegámos à porta, saí e mais não ouvi, felizmente!
Não querendo fazer juízos de valor, espero que esta senhora tenha razões fundamentadas em factos verdadeiramente negativos para tamanha rejeição, porque "um piercing e duas tatuagens" não me parecem factos merecedores de tanta indignação.
Perplexidades e vontades de estrangular mentalidades à parte, desejo toda a sorte do mundo a esta dita rapariga.

RN

08 janeiro, 2012

Apague e Recomece


Se não deu certo
Apague e recomece
Esqueça o que ficou
Esqueça a culpa
A falta de plano
Esqueça a dúvida
O que foi quase engano

Apague e recomece

É sempre hora de mudar
De virar a página
E se reinventar

(Mesmo que doa, aprender
não é um processo à toa).

Princesa de Rua, de Fernanda Mello

06 janeiro, 2012

Amadora... a Porcalhota!

http://diasquevoam.blogspot.com/2007/03/porcalhota.html
Numa das minhas pesquisas pela internet em busca de nada em concreto, descobri que a atual Amadora, em tempos teve o nome de Porcalhota. Embora não haja documentação que prove a sua exatidão, sabe-se que tal atribuição remonta ao século XIV.
Este (engraçado) topónimo teve origem no apelido de um dos protagonistas da Batalha de Aljubarrota, Vasco Porcalho. 

Tradições e origens à parte, Amadora teria mais encanto se ainda hoje se chamasse Porcalhota.

RN