23 fevereiro, 2013

Finais Felizes de outra perspetiva

Navegando pela vasto mundo que é a internet, encontrei uma peça muito interessante sobre o tão conhecido final de história "E viveram felizes para sempre". Nesta peça, o tema é abordado 'à minha maneira', pois quando leio um livro ou vejo um filme que termina desta forma tão pouco realista, sinto como se faltasse algo. Passo então a transcrevê-la:

« E viveram (momentos) felizes para sempre

Os contos de fadas, contos infantis e muitas histórias da modernidade têm o delicioso famoso final feliz. Mas as histórias reais têm finais felizes? A verdade é que um final feliz nunca é um final, apenas o fim feliz de um momento.

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Cinderela por Thomas Czarnecki*
A maior parte das histórias infantis e muitas destinadas a adultos têm o fim de sua trama encerrada pelo alcance da felicidade. A busca incessante por finais felizes e pela resolução de problemas faz parte do anseio da humanidade por equilíbrio. Sendo a literatura, o reflexo do homem e seu período histórico nossas histórias não poderiam ser diferentes.

Os contos de fadas como A Bela e Fera, Branca de Neve e os sete anões, Cinderela, Rapunzel... São os oficiais “E viveram felizes para sempre!”. Encerrar um conto de fada destinado às nossas crianças e fazê-las acreditar que no final terão “finais felizes”, é algo que no mínimo deveria ser alvo de reflexão, enquanto o que deveria ser passado é “E tiveram momentos felizes para sempre!”.

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Branca de Neve por Thomas Czarnecki*
O não “viveram felizes para sempre” está enraizado na humanidade, Abraham Maslow, psicólogo americano, desenvolveu a Hierarquia das Necessidades de Maslow ou Pirâmide de Maslow, a qual sugere que as necessidades de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto.

Maslow afirma que após satisfazer uma necessidade e, assim, atingir a felicidade, o sentimento de satisfação transforma-se em outra necessidade que precisa ser saciada, provando que a felicidade é momentânea e nunca, plena. Assim, o mais pleno de felicidade que alcançamos tem curta duração, sendo impossível o “para sempre”.

Afinal, por que as histórias normalmente contadas para crianças retratam algo tão parcialmente verdadeiro? Ao que parece, contar para uma criança que seu herói ou heroína não teve um final feliz é brutal. Há quem acredite que as crianças não estão preparadas para lidar com finais “reais”, enquanto fazê-lo pode ser muito mais benéfico para sua formação. Ou simplesmente, dizer “E viveram momentos felizes para sempre” poderia solucionar a ideia de que há felicidade no final de qualquer história seja fictícia, real ou protagonizada pelo próprio leitor.

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Chapeuzinho Vermelho por Thomas Czarnecki*
Dois bons exemplos de finais nada felizes são: O do herói grego Aquiles, que morreu com uma flecha em seu único ponto fraco, mostra que nem sempre heróis sobrevivem a uma batalha, não deixando de estar cercado de momentos de felicidade. Aliás, existem inúmeras histórias gregas que são verdadeiras tragédias, mas nem por isso deixam de ser encantadoras. E o de Marina, em um livro mais contemporâneo, de Carlos Ruiz Zafón, em que a protagonista que dá o nome ao livro vive diversas aventuras envoltas em solução de um mistério, mas nem por isso é poupada de seu destino, ela morre vítima de doença.

Há na literatura um bom número de exemplos que vão contra o “E viveram felizes para sempre”, mas há quem insista no inverossímil final feliz em histórias escritas, filmes, poemas. Mais real é ter momentos felizes!!!

*O fotógrafo Thomas Czarnecki, inconformado com o “felizes para sempre”, criou a série “From Enchantement to Down” que transforma as histórias que parecem sonhos em verdadeiros pesadelos.


Artigo da autoria de Alexia G. Alves.
Ler, reler, revisar, emocionar, escrever, chorar, rir: vida minha!.
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