23 fevereiro, 2013

Brisa que foi. Cheiro que ficou.

Chove lá fora.
Saio e caminho por entre as gotas. E permaneço seca: seca por fora e seca por dentro. Preciso que alguma gota, por mais pequena que seja, me toque, me molhe e me mostre que não sou diferente de todos os outros que também caminham. Chuva que cai e não me molha. Alucino. Sinto medo.
Tantos caminhos, mas nenhum me parece lúcido. Tudo me foge. Não uso amarras, mas por breves momentos passa-me pela cabeça parar o tempo. Se pudesse escolher, congelaria aquele dia, aquele minuto em que tudo estava transparente, pleno de sorrisos e de felicidade pura. Mas tudo se transforma, tudo muda.
Hoje busco a calma e a serenidade que me fugiram. Cansada, percorro este caminho marcado pelo enigma da Vida, sujo-me de lama, mas nem uma gota de chuva me atinge. Corro em busca de algo que me conforte, mas nada sinto, senão o cheiro daquela brisa que vai e vem. Sinto-me frágil. Já não sei ao certo que brisa é esta. O cheiro é-me familiar, mas na vida tudo se confunde. Sinto que já não é a mesma brisa que um dia me abraçou e me confortou.
Ela foi e não voltou. Mas o seu cheiro em mim ficou.

RN 

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